Peças presentes nesta seção: 
- Timoma
- Linfangioma cavernoso

Timomas

Timomas são tumores raros que se originam das células epiteliais do timo, uma glândula localizada no mediastino anterior, responsável pelo desenvolvimento e maturação das células T do sistema imunológico. Embora incomuns, representam a neoplasia mais frequente do mediastino anterior em adultos.

Classificação:
Os timomas são classificados em benignos ou malignos com base em suas características citológicas (aparência das células ao microscópio) e comportamento biológico (tendência à invasão local e metástase).

- Timoma benigno ou encapsulado: Apresenta características celulares benignas e é envolvido por uma cápsula fibrosa, o que limita sua disseminação.
- Timoma maligno:
Tipo I: Células com aparência benigna, mas o tumor é infiltrativo e pode invadir estruturas adjacentes. Não costuma gerar metástases à distância.
Tipo II (carcinoma tímico): Apresenta células malignas e comportamento agressivo, com maior probabilidade de metástase.

Morfologia:
- Macroscopia: Massas lobuladas, firmes, cinza-esbranquiçadas, geralmente com 15 a 20 cm de diâmetro. A maioria é encapsulada, mas em 20 a 25% dos casos há invasão da cápsula e infiltração das estruturas adjacentes.
- Microscopia: Compostos por uma mistura de células epiteliais tumorais e timócitos (células T imaturas) não neoplásicos.
    Timomas benignos: As células epiteliais são fusiformes e lembram as células da medula tímica normal (timomas medulares). Pode haver também uma mistura de células epiteliais corticais e medulares (timomas mistos).                  Timoma maligno tipo I: Células epiteliais com citoplasma abundante e núcleos vesiculares arredondados, semelhantes às células do córtex tímico. A característica fundamental é a invasão capsular.
    Timoma maligno tipo II (carcinoma tímico): As células apresentam características de malignidade, como pleomorfismo nuclear, hipercromasia e mitoses frequentes. Podem assemelhar-se a carcinomas de células escamosas.

Características Clínicas:
- Assintomáticos (30%): Muitos timomas são descobertos incidentalmente em radiografias de tórax.
- Sintomas locais (30-40%): Tosse, dispneia, dor torácica e síndrome da veia cava superior (compressão da veia cava superior pelo tumor). - Miastenia gravis (15-20%): A miastenia gravis, uma doença neuromuscular autoimune, é a síndrome paraneoplásica mais frequentemente associada ao timoma. A timectomia (remoção cirúrgica do timo) pode levar à melhora da miastenia gravis.
- Outras síndromes paraneoplásicas (raras): Anemia aplásica pura, hipogamaglobulinemia e doenças autoimunes.

Diagnóstico:
O diagnóstico do timoma é feito por meio de:
- Exames de imagem: Radiografia de tórax, tomografia computadorizada (TC) e ressonância magnética (RM).
- Biópsia: A biópsia é essencial para confirmar o diagnóstico e determinar o tipo de timoma.

Tratamento:
O tratamento do timoma depende do estágio da doença e do tipo histológico:
- Cirurgia: A ressecção cirúrgica é o tratamento principal para a maioria dos timomas.
- Radioterapia: Pode ser usada como terapia adjuvante após a cirurgia, ou como tratamento primário em casos de tumores irressecáveis.
- Quimioterapia: Pode ser usada em combinação com cirurgia e/ou radioterapia em casos de timomas malignos ou invasivos.

Linfangioma cavernoso

O linfangioma cavernoso é um tumor benigno que se origina do sistema linfático. Sua etiologia não é totalmente compreendida, mas as principais teorias incluem malformação congênita do sistema linfático, traumatismo, obstrução do vaso linfático, infecção ou tumores locais. Cerca de metade dos casos são diagnosticados na infância, sendo raros em adultos.

Características:
- Crescimento benigno: Não há potencial maligno.
- Localização: Cabeça e pescoço são os locais mais comuns (75% dos casos), seguidos pela região axilar (15%) e cervicomediastinal (10%). Podem ocorrer em outros locais do corpo, com exceção do cérebro.
- Sintomas: Geralmente assintomáticos, especialmente quando pequenos. Lesões volumosas podem causar sintomas compressivos em estruturas adjacentes, como:
Disfagia: Dificuldade para engolir.
Dispneia: Dificuldade para respirar.
Síndrome da apneia obstrutiva do sono.
Compressão de estruturas oculares, auditivas e cervicais.
Desfiguração da região afetada.

Diagnóstico:
- Exame clínico: Palpação da massa.
- Exames de imagem: Ultrassonografia, tomografia computadorizada e ressonância magnética podem auxiliar no diagnóstico e na avaliação da extensão da lesão. A TC é considerada o padrão-ouro por alguns autores.
- Biópsia: Exame histopatológico do tecido é essencial para o diagnóstico definitivo.

Tratamento:
- Exérese cirúrgica: Remoção completa da lesão é o tratamento de escolha quando possível, minimizando o risco de recidiva. Ressecções parciais ou subtotais podem ser consideradas em casos selecionados.
- Aspiração do conteúdo cístico: Pode ser utilizada em lesões císticas, mas geralmente não é curativa.
- Embolização percutânea: Injeção de substâncias esclerosantes no cisto pode ser uma opção em lesões irressecáveis ou recorrentes.
- Radioterapia: Raramente utilizada.

Classificação:
- Linfangioma simples (capilar): Lesões pequenas e superficialmente elevadas.
- Linfangioma cavernoso (higroma cístico): Lesões maiores, infiltrativas e com espaços linfáticos dilatados.

Conclusão: Linfangiomas cavernosos são tumores benignos raros em adultos. Apesar de benignos, podem causar sintomas compressivos significativos dependendo de seu tamanho e localização. O diagnóstico envolve exame clínico, exames de imagem e biópsia. A ressecção cirúrgica completa é o tratamento de escolha.