Peças presentes nesta seção:
- Astrocitomas
- Cisticercose cerebral
- Criptococose cerebral
- Hidrocefalia
- Infarto cerebral
- Neurofibromatose
ASTROCITOMAS
Descrição da peça: Volumosa tumoração de limites imprecisos, esbranquiçada, comprimindo e invadindo a ponte e o parênquima cerebelar.
Astrocitomas podem ocorrer no cerebelo, mas são menos comuns do que em outras localizações.
Astrocitomas são tumores que se originam nos astrócitos, células em forma de estrela que sustentam e protegem os neurônios no cérebro. Eles são o tipo mais comum de glioma, um tipo de tumor que começa nas células gliais.
Tipos de astrocitomas:
Os astrocitomas são classificados em graus de I a IV, com base em sua aparência ao microscópio e na rapidez com que tendem a crescer e se espalhar. Graus mais altos indicam tumores mais agressivos.
• Astrocitomas Pilocíticos (Grau I): Geralmente tumores de crescimento lento, muitas vezes císticos, que ocorrem principalmente em crianças e jovens adultos. Localizam-se geralmente no cerebelo.
• Astrocitomas Difusos (Grau II): Tumores infiltrativos de crescimento lento que costumam ocorrer em adultos.
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Astrocitomas Anaplásicos (Grau III): Tumores mais agressivos que crescem mais rapidamente que os astrocitomas difusos.
• Glioblastoma (Grau IV): O tipo mais agressivo de astrocitoma, de crescimento rápido.
Manifestações Clínicas:
Os sintomas de um astrocitoma variam dependendo da localização do tumor, tamanho e grau. Alguns sintomas comuns incluem dores de cabeça, náuseas, vômitos, convulsões, alterações na visão, na fala ou na personalidade e fraqueza ou dormência em uma parte do corpo.
CISTICERCOSE CEREBRAL
Descrição da peça: Cortes de cérebro exibindo múltiplos cistos no parênquima cerebral, alguns com a presença do parasito no seu interior e outros exibindo conteúdo necrótico inflamatório.
A cisticercose é uma infecção causada pela forma larval da tênia Taenia solium. A infecção ocorre quando uma pessoa ingere ovos da tênia, geralmente através de alimentos ou água contaminados com fezes humanas. No intestino, os ovos eclodem em larvas, que penetram na parede intestinal e migram pela corrente sanguínea para diversos tecidos, incluindo o cérebro. Quando as larvas se alojam no cérebro, a condição é chamada de cisticercose cerebral.
Ciclo de vida e infecção: Diferentemente da teníase, onde a infecção ocorre pela ingestão de carne de porco mal cozida contendo cistos (cisticercos), na cisticercose a infecção se dá pela ingestão dos ovos da tênia. O hospedeiro definitivo da T. solium é o ser humano, no qual a tênia adulta reside no intestino. Os ovos são liberados nas fezes e podem contaminar o ambiente. A ingestão desses ovos por um ser humano (ou porco, que age como hospedeiro intermediário) leva ao desenvolvimento da cisticercose.
Cisticercose cerebral: No cérebro, as larvas formam cistos (cisticercos) que podem variar em tamanho e localização. Esses cistos podem causar uma série de sintomas neurológicos, dependendo de seu tamanho, número e localização.
Macroscopia:
Macroscopicamente, os cistos da cisticercose cerebral (cisticercos) aparecem como vesículas translúcidas, geralmente de formato esférico ou oval, contendo um líquido claro e um pequeno escólex invaginado (a cabeça da larva da tênia) visível como um ponto branco. Os cistos podem variar em tamanho, de alguns milímetros a vários centímetros de diâmetro. Eles podem ser encontrados em qualquer parte do cérebro, mas são mais comuns no parênquima cerebral, espaço subaracnoide e ventrículos. Dependendo do estágio de degeneração do cisto, eles podem apresentar-se com diferentes aparências:
• Cistos viáveis: Aspecto translúcido, com escólex visível.
• Cistos em degeneração: Podem estar opacos, calcificados ou em processo de degeneração, com inflamação circundante.
• Cistos calcificados: Aparecem como pequenos nódulos calcificados no parênquima cerebral.
Microscopia:
A microscopia dos cistos da cisticercose cerebral revela características distintas dependendo do estágio de desenvolvimento e viabilidade da larva.
• Cistos viáveis: A parede do cisto é composta por três camadas: uma camada externa cuticular, uma camada média celular e uma camada interna reticular. Dentro do cisto, encontra-se o escólex invaginado, com seus ganchos e ventosas. O líquido cístico é geralmente claro.
• Cistos em degeneração: À medida que o cisto degenera, há um infiltrado inflamatório ao redor da parede do cisto, composto principalmente por linfócitos, plasmócitos e eosinófilos. O escólex pode estar degenerado ou ausente. Pode haver necrose e calcificação. Uma intensa reação inflamatória no cérebro circundante é frequente, caracterizada por infiltrado inflamatório misto, incluindo eosinófilos, e proliferação glial.
• Cistos calcificados: Os cistos calcificados mostram deposição de cálcio na parede do cisto e, às vezes, no interior do cisto. O escólex geralmente está ausente.
Manifestações Clínicas:
As manifestações clínicas da cisticercose cerebral são variáveis e dependem do número, tamanho e localização dos cistos, bem como da resposta inflamatória do hospedeiro. Os sintomas podem incluir:
• Convulsões: As convulsões são o sintoma mais comum da cisticercose cerebral.
• Dores de cabeça: Dores de cabeça crônicas ou recorrentes podem ser um sintoma.
• Náuseas e vômitos: Esses sintomas podem acompanhar as dores de cabeça.
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Alterações neurológicas focais: Dependendo da localização dos cistos, podem ocorrer fraqueza, dormência, alterações na visão ou na fala, e problemas de equilíbrio.
• Hidrocefalia: Cistos localizados nos ventrículos cerebrais podem obstruir o fluxo do líquido cefalorraquidiano, levando à hidrocefalia.
• Meningite: A ruptura de um cisto pode causar meningite.
CRIPTOCOCOSE CEREBRAL
Descrição da peça: Encefalite com múltiplos cistos de tamanhos variados, de localização também variadas, nas diversas estruturas cerebrais (encéfalo, cerebelo, tronco cerebral, etc.), com o conteúdo gelatinoso em seu interior.
A criptococose é uma infecção fúngica invasiva causada por Cryptococcus neoformans ou Cryptococcus gattii. Ela se tornou cada vez mais prevalente em pacientes imunocomprometidos. O C. neoformans é o principal membro patogênico do gênero e tem distribuição mundial. A infecção pode afetar o sistema nervoso central, causando meningite e meningoencefalite.
Microbiologia:
• Taxonomia: Os criptococos patogênicos são leveduras basidiomicetos encapsuladas. O C. neoformans é dividido em duas variedades (grubii e neoformans), enquanto o complexo de espécies C. gattii é dividido em cinco a seis subespécies ou linhagens.
•Ciclo de vida: O ciclo de vida do C. neoformans envolve formas assexuadas e sexuadas. As formas assexuadas existem como leveduras e se reproduzem por brotamento. Estas leveduras haploides e unicelulares são as únicas formas de C. neoformans recuperadas de infecções humanas. O estado sexual (também conhecido como "estado perfeito") só foi observado em laboratório.
•Crescimento e identificação: O C. neoformans produz colônias mucoides brancas em uma variedade de ágares, geralmente visíveis a olho nu em 48 horas. A identificação começa com o isolamento de uma levedura urease-positiva e encapsulada.
•Cápsula: A cápsula polissacarídica que envolve o C. neoformans pode ser visualizada com tinta nanquim sob microscopia. A cápsula tem propriedades antifagocíticas e é um importante determinante de virulência.
•Produção de melanina: A presença da enzima fenoloxidase no C. neoformans é única entre os membros do gênero. Esta enzima catalisa a conversão de compostos fenólicos em melanina, que pode atuar como um fator de virulência, protegendo o fungo contra o ataque de células imunes e produtos oxidativos.
Epidemiologia:
A maioria dos pacientes com criptococose é imunocomprometida devido a AIDS, tratamento prolongado com glicocorticoides, transplante de órgãos, malignidade, doença hepática ou sarcoidose. Os sorotipos ou genótipos de C. neoformans variam de acordo com a localização geográfica e o status de HIV do paciente. O C. neoformans foi encontrado em amostras de solo em todo o mundo, principalmente em áreas frequentadas por pássaros, especialmente pombos e galinhas. O fungo também foi isolado de locais de descanso de pombos e associado à vegetação em decomposição. A disseminação de pessoa para pessoa não foi documentada, exceto com tecido transplantado. A criptococose é muito rara em crianças, mesmo naquelas com AIDS.
Criptococose cerebral:
A criptococose cerebral frequentemente se manifesta como meningoencefalite, afetando as meninges e o cérebro. O C. neoformans pode alcançar o sistema nervoso central através da disseminação hematogênica, sendo o fungo transportado pelo sangue até o cérebro.
A infecção pode variar de uma forma fulminante, progredindo rapidamente para a morte em poucas semanas, até uma forma mais indolente, que se desenvolve ao longo de meses ou anos. Indivíduos imunossuprimidos correm maior risco de infecção grave.
Achados no LCR: O exame do líquor cefalorraquidiano (LCR) é crucial para o diagnóstico. Tipicamente, encontra-se um pequeno número de células, mas com níveis elevados de proteína. A presença de leveduras encapsuladas, visualizadas com tinta nanquim sob microscopia, é um achado característico
Disseminação no cérebro: O C. neoformans se espalha no cérebro através dos espaços perivasculares de Virchow-Robin. A proliferação do fungo nesses espaços leva à sua expansão, resultando em uma aparência de "bolhas de sabão" na imagem histopatológica.
HIDROCEFALIA
Descrição da peça: Cérebro com dilatação dos ventrículos laterais e consecutiva atrofia e adelgaçamento do tecido encefálico. Externamente observamos atrofia dos giros, com aumento dos espaços intergirais.
A hidrocefalia é caracterizada pelo acúmulo excessivo de líquido cefalorraquidiano (LCR) dentro do sistema ventricular do cérebro. Esse acúmulo pode levar à dilatação dos ventrículos e aumento da pressão intracraniana. O LCR é produzido pelo plexo coroide nos ventrículos laterais, circula pelos ventrículos terceiro e quarto, e então flui para o espaço subaracnoide, onde é absorvido pelas granulações aracnóideas.
Tipos de Hidrocefalia:
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Hidrocefalia não comunicante (obstrutiva): Ocorre quando há um bloqueio no fluxo do LCR dentro do sistema ventricular. Isso pode ser causado por tumores, cistos, malformações congênitas ou infecções. O bloqueio impede que o LCR flua dos ventrículos laterais para o terceiro ventrículo, ou do terceiro para o quarto ventrículo, ou ainda do quarto ventrículo para o espaço subaracnoide. O arquivo cita obstruções no forame interventricular (de Monro) ou no aqueduto cerebral como exemplos
•Hidrocefalia comunicante: Ocorre quando a absorção do LCR pelas granulações aracnóideas é prejudicada, mesmo que não haja obstrução no fluxo do LCR dentro dos ventrículos. Isso pode ser causado por meningite, hemorragia subaracnoide ou outras condições que afetam as meninges. O arquivo menciona a redução da absorção de LCR como uma causa comum desse tipo de hidrocefalia.
Hidrocefalia ex-vacuo: É importante mencionar a hidrocefalia ex-vacuo, que não é uma verdadeira hidrocefalia. Ela ocorre quando há perda de tecido cerebral, como em casos de infarto ou doença neurodegenerativa. Nesses casos, os ventrículos se dilatam para preencher o espaço deixado pelo tecido perdido, mas a quantidade de LCR não está aumentada. É um aumento compensatório do volume ventricular em resposta à atrofia cerebral. Não é considerada clinicamente significativa, pois não está associada a aumento da pressão intracraniana.
Macroscopia: Ventrículos dilatados, adelgaçamento do córtex cerebral, achatamento dos giros e, em casos de hidrocefalia congênita em crianças, aumento do perímetro craniano.
Microscopia: Compressão do parênquima cerebral adjacente aos ventrículos dilatados, possível atrofia do córtex e, em casos crônicos, perda neuronal. Não há achados microscópicos específicos da hidrocefalia em si, mas sim das condições associadas ou consequentes do aumento da pressão intracraniana.
Consequências da Hidrocefalia:
O aumento da pressão intracraniana causado pela hidrocefalia pode comprimir o tecido cerebral e causar danos neurológicos. Em crianças cujas suturas cranianas ainda não se fundiram, a cabeça pode aumentar de tamanho. Em adultos, os sintomas podem incluir dores de cabeça, náuseas, vômitos, alterações na visão, alterações no estado mental (confusão, sonolência, coma) e problemas de equilíbrio.
INFARTO CEREBRAL
Descrição da peça: Área de necrose isquêmica, com hemorragia secundária, comprometendo estruturas nobres
Patologia cerebral caracterizada pela necrose isquêmica do tecido cerebral, por obstrução vascular e redução da oferta de O2 ao tecido, comprometendo áreas nobres e se estendendo ao ventrículo lateral com hemorragia ventricular secundária.
Morfologia:
No contexto de isquemia global, o cérebro parece inchado, com giros largos e sulcos estreitos. A superfície de corte mostra uma demarcação pobre entre a substância cinzenta e a substância branca. As alterações histopatológicas que acompanham a lesão isquêmica irreversível (infarto) são agrupadas em três categorias. As alterações iniciais, que ocorrem 12 a 24 horas após o insulto, incluem alteração neuronal aguda (neurônios vermelhos), inicialmente caracterizada por microvacuolação, seguida por eosinofilia citoplasmática e, posteriormente, picnose nuclear e cariorrexe. Alterações semelhantes ocorrem um pouco mais tarde, afetando astrócitos e oligodendrócitos. Depois disso, a reação à lesão tecidual começa com a infiltração de neutrófilos.
As alterações subagudas, que ocorrem 24 horas a 2 semanas após o insulto, incluem necrose tecidual, influxo de macrófagos, proliferação vascular e gliose reativa. O reparo, observado após 2 semanas, é caracterizado pela remoção do tecido necrótico e gliose.
Infartos em zona limítrofe ("divisor de águas"):
Ocorrem em regiões do cérebro e da medula espinhal que se encontram nas porções mais distais dos territórios arteriais. Eles são geralmente observados após episódios hipotensivos. Nos hemisférios cerebrais, a zona limítrofe entre as distribuições das artérias anterior e média está em maior risco. O dano a esta região produz uma faixa de necrose em forma de cunha sobre a convexidade cerebral alguns centímetros lateralmente à fissura inter-hemisférica.
Isquemia cerebral focal:
A oclusão arterial cerebral leva primeiro à isquemia focal e, posteriormente, ao infarto na distribuição do vaso comprometido. O tamanho, a localização e a forma do infarto, bem como a extensão do dano tecidual resultante, podem ser modificados pelo fluxo sanguíneo colateral. Especificamente, o fluxo colateral através do círculo de Willis ou as anastomoses corticais leptomeníngeas podem limitar os danos em algumas regiões. Em contraste, há pouco ou nenhum fluxo sanguíneo colateral para estruturas como o tálamo, os gânglios da base e a substância branca profunda, que são supridos por vasos penetrantes profundos.
Os infartos embólicos são mais comuns do que os infartos resultantes de trombose. Os trombos murais cardíacos são uma fonte frequente de embolia; disfunção miocárdica, doença valvular e fibrilação atrial são fatores predisponentes importantes. Os tromboêmbolos também surgem nas artérias, na maioria das vezes derivados de placas ateromatosas das artérias carótidas ou do arco aórtico. Êmbolos de origem venosa podem passar para a circulação arterial através de um forame oval patente e se alojar no cérebro (embolia paradoxal); estes incluem tromboêmbolos derivados de veias profundas das pernas e êmbolos gordurosos, geralmente após trauma ósseo. O território da artéria cerebral média, uma extensão direta da artéria carótida interna, é mais frequentemente afetado pelo infarto embólico. Os êmbolos tendem a se alojar onde os vasos se ramificam ou em áreas de estenose, geralmente causadas por aterosclerose.
As oclusões trombóticas que causam infarto cerebral geralmente se sobrepõem a placas ateroscleróticas; locais comuns são a bifurcação carotídea, a origem da artéria cerebral média e qualquer uma das extremidades da artéria basilar. Essas oclusões podem ser acompanhadas por extensão anterógrada, bem como fragmentação do trombo e embolização distal. As oclusões trombóticas que causam pequenos infartos de apenas alguns milímetros de diâmetro, os chamados "infartos lacunares", ocorrem quando pequenas artérias penetrantes são ocluídas devido a danos crônicos, geralmente derivados de hipertensão de longa data.
Morfologia macroscópica:
A aparência macroscópica de um infarto não hemorrágico evolui com o tempo. Durante as primeiras 6 horas, o tecido permanece inalterado em sua aparência, mas após 48 horas o tecido torna-se pálido, macio e inchado. Do 2º ao 10º dia, o cérebro lesionado torna-se gelatinoso e friável, e o limite entre o tecido normal e o anormal torna-se mais distinto à medida que o edema se resolve no tecido viável adjacente. Do 10º dia até a terceira semana, o tecido se liquefaz, dando origem, com o tempo, a uma cavidade cheia de líquido que se expande gradualmente à medida que o tecido morto é reabsorvido.
Morfologia microscópica: Após as primeiras 12 horas, aparecem alterações neuronais isquêmicas (neurônios vermelhos) e edema citotóxico e vasogênico. Células endoteliais e gliais, principalmente astrócitos, incham, e as fibras mielinizadas começam a se desintegrar. Durante os primeiros dias, os neutrófilos infiltram a área da lesão, mas são substituídos por macrófagos nas 2 a 3 semanas seguintes. Macrófagos contendo produtos de degradação de glóbulos vermelhos ou mielina podem persistir na lesão por meses a anos. À medida que o processo de fagocitose e liquefação continua, os astrócitos nas bordas da lesão progressivamente aumentam de tamanho, dividem-se e desenvolvem uma rede proeminente de extensões citoplasmáticas. Após vários meses, o considerável aumento nuclear e citoplasmático dos astrócitos regride. Na parede da cavidade, os processos dos astrócitos formam uma densa rede de fibras gliais em meio a novos capilares e algumas fibras de tecido conjuntivo perivascular.
NEUROFIBROMATOSE
Descrição da peça: tumoração dos nervos periféricos benigna, brancacenta, crescendo na derme e hipoderme, com desenvolvimento de volumoso linfedema dando à pele aspecto de elefantíase.
Introdução: A neurofibromatose (NF) engloba um grupo de síndromes genéticas com predisposição a tumores do sistema nervoso, sendo as mais comuns a NF1 e NF2. Este resumo científico visa revisar as características genéticas, manifestações clínicas e tumores associados a cada tipo.
Neurofibromatose Tipo 1 (NF1):
- Genética: Distúrbio autossômico dominante causado por mutações no gene NF1 (cromossomo 17q). O gene codifica a neurofibromina, uma proteína supressora de tumor que regula negativamente a oncoproteína Ras. A perda da função da neurofibromina leva à hiperatividade de Ras, promovendo o crescimento tumoral.
- Manifestações Clínicas: Além dos neurofibromas, a NF1 apresenta incapacidade de aprendizagem, convulsões, anormalidades esqueléticas e vasculares, nódulos de Lisch (íris) e manchas cutâneas hiperpigmentadas ("café com leite").
- Tumores Associados:
Neurofibromas:
Cutâneos: Nódulos ou lesões polipoides superficiais.
Plexiformes: Crescimento difuso dentro de nervos ou plexos nervosos, virtualmente patognomônicos de NF1, com risco de transformação maligna.
Difusos: Proliferações infiltrativas formando massas subcutâneas desfigurantes.
Tumores Malignos das Bainhas dos Nervos: Surgem com frequência a partir de neurofibromas plexiformes.
Gliomas Ópticos e Outros Tumores Gliais.
- Neurofibromatose Tipo 2 (NF2):
Genética: Distúrbio autossômico dominante causado por mutações no gene Merlin (cromossomo 22). A merlina é uma proteína do citoesqueleto com função supressora tumoral, mediando a inibição por contato celular. Mutações nesse gene resultam em perda da inibição por contato e proliferação celular descontrolada.
Manifestações Clínicas: A NF2 manifesta-se principalmente por tumores do sistema nervoso, sem as características dismórficas da NF1.
Tumores Associados:
- Schwannomas: Múltiplos, incluindo os schwannomas vestibulares bilaterais, que são patognomônicos de NF2.
- Meningiomas: Originados nas meninges.
- Ependimomas: Originados nas células ependimárias.
- Nota: Quando o aumento de volume atinge grande extensão, causando deformidade grosseira e desfiguramento, é chamado elefantíase neurofibromatosa.